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Arquitetos: Sheppard & Rout Architects
- Área: 1350 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Jason Mann

Entre as falésias calcárias e a densa floresta costeira de Punakaiki, o Punangairi redefine o significado de um centro de visitantes. Projetado pelo escritório Sheppard & Rout Architects em colaboração com o grupo Ngāti Waewae, o projeto vai além da infraestrutura turística para se afirmar como um gesto de restauração cultural e ecológica.

Em harmonia com a paisagem, o edifício parece emergir do próprio terreno. Sua forma baixa em madeira se entrelaça entre as palmeiras nīkau existentes e sob um dossel de vegetação regenerada, enquanto a cobertura verde prolonga a continuidade da floresta. O projeto responde com sensibilidade à topografia complexa e à ecologia delicada do local, assentando-se com mínima interferência. Cada decisão — da escolha de materiais ao posicionamento do edifício — foi tomada em diálogo com o iwi (tribo) local, assegurando que as narrativas culturais fossem integradas à arquitetura, e não apenas aplicadas sobre ela.



No centro da proposta está uma reflexão sobre autoria e pertencimento. O Ngāti Waewae, povo mana whenua (guardião tradicional da terra), conduziu o processo desde o início, orientando um projeto que expressa os valores de manaakitanga (hospitalidade) e kaitiakitanga (cuidado e proteção). O resultado é um espaço que acolhe os visitantes tanto na paisagem física quanto na cultura viva que a sustenta.



No interior, a luz natural se filtra por brises e painéis de madeira sobrepostos, evocando o jogo de sombras da floresta ao redor. Madeira e pedra locais compõem uma paleta tátil que remete à geologia e às tradições artesanais da região. A sequência de espaços flui naturalmente — do acolhimento à exposição e à contemplação — criando uma experiência menos voltada à exibição e mais ao encontro.


Embora de escala modesta, o Punangairi abriga uma ambição abrangente: mostrar que pequenas construções podem conter grandes ideias. Sua abordagem sustentável — ao reduzir o carbono incorporado, reutilizar materiais locais e adotar estratégias passivas de conforto — reflete uma ética regenerativa que se estende para além do edifício. O projeto convida a repensar o papel da arquitetura como suporte tanto para os sistemas ecológicos quanto para a continuidade cultural.


O Punangairi se firma como um limiar entre terra e mar, passado e futuro, pessoas e lugar. É um exemplo de arquitetura que escuta antes de agir, moldando forma e experiência a partir das histórias e do cuidado daqueles que pertencem à terra.




























